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Exportação alivia risco de estoque elevado

Fortemente prejudicada por problemas climáticos, a safra de trigo colhida pelo Rio Grande do Sul em 2014 ficou, em grande parte, fora dos parâmetros exigidos pela indústria do mercado interno. Mas a boa aceitação do produto no exterior evitou um desastre maior, fazendo com que o Estado comece a pensar na próxima safra sem estar excessivamente estocado. Especialistas afirmam que o quadro atual só não é pior graças aos negócios firmados com países africanos e asiáticos - principais destinos do trigo "ruim" gaúcho.

Jardim acredita que o restante da safra de 2014 (aproximadamente 500 mil toneladas), por ter melhor qualidade, será gradativamente absorvido por moinhos (do Rio Grande do Sul ou de outros Estados) e também por produtores de ração animal. "O trigo está sendo vendido e o estoque remanescente não terá impacto nos armazéns para a próxima safra", avaliou.

O assistente técnico da Emater-RS Luiz Ataides Jacobsen concorda que o volume de trigo "parado" no Rio Grande do Sul é pequeno e tende a diminuir nas próximas semanas. "Até a primeira quinzena de março ainda há uma janela favorável para a exportação de trigo, depois o foco passa a ser a soja", explicou.

Preço

Se o Estado comemora o fato de conseguir comercializar o trigo de má qualidade produzido em 2014, o valor obtido pelo produto não é motivo de alegria. O preço mínimo estabelecido pelo governo federal é de R$ 35 pela saca de 60 quilos, mas o produtor gaúcho não consegue mais do que R$ 25 ou R$ 28 pelo cereal renegado pelo mercado interno. "Foi o ônus pago pela depreciação de qualidade", disse Jardim, da Farsul.

Segundo ele, os leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), promovidos pela Conab, pouco influenciaram na tentativa de aumentar a remuneração do produtor. "O trigo (de baixa qualidade) foi vendido com muito pouco auxílio de mecanismo de comercialização. Foi basicamente exportado a preços aquém dos valores no Brasil", comentou. "No geral, o Pepro atendeu pouco a necessidade do produtor, em virtude da péssima qualidade da safra gaúcha", acrescentou, lembrando que o primeiro leilão realizado em 2015, que ofertou 50 mil toneladas de trigo do Paraná e do Rio Grande do Sul, não teve interesse de arrematantes.

Com a baixa remuneração e a frustração herdada do ano anterior, o setor espera um encolhimento da área destinada ao trigo no Estado. Em 2014, de acordo com a Conab, os agricultores gaúchos plantaram o cereal em 1,14 milhão de hectares. Ataides Jacobsen diz que a Emater-RS ainda não tem uma previsão oficial sobre o número deste ano, mas aposta numa redução. "O sentimento é este", resumiu.

Fonte: Globo Rural


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